sábado, 19 de dezembro de 2009

PRIMEIRO MUNDO




É uma farsa, é mentira, é engano,
País de primeiro mundo não existe.
Não é que não queremos,
Mas a tecnologia não cobre as vidas sofridas.
O mundo ainda convive com a fome, com a guerra,
Com o preconceito,
Com a miséria,
Ainda convivemos com a agressão ecológica.
A tecnologia não cobre os danos terrestres e vegetais.
Por isso, digo e repito:
Tecnologia computadorizada e medicinal,
Tecnologia industrial, especial,
Tecnologia nuclear atômica
Cuidado!
Pode ser uma bomba.
Por isso, digo e repito:
A tecnologia não cobre as vidas,
Esquecidas, e destruídas.



Darlen Gonçalves de Almeida


NORMOSE



Há na maioria dos nossos contemporâneos uma crença bastante enraizada segundo a
qual tudo o que a maioria das pessoas pensa, sente, acredita ou faz deve ser
considerado normal e servir de guia para o comportamento de todas as outras
pessoas.

Fatos e descobertas recentes sobre as origens do sofrimento e das doenças e
também sobre as guerras, a violência e a destruição ecológica questionam
seriamente a usualidade de certas "normas" ditadas pela sociedade e seus
consensos.

Muitas normas sociais, atuais ou passadas, levam ou levaram a sofrimento - moral
ou físico - indivíduos, grupos, coletividades inteiras e até mesmo espécies
vivas.

Resolvemos adotar o termo de "Normose", para designar esta forma de
comportamento visto como normal mas que na realidade é anormal. O termo foi
forjado na França por Jea Yves Leloup.

A Normose é o conjunto de normas, conceitos, valores, estereótipos, hábitos de
pensar ou de agir aprovados por um consenso ou pela maioria de uma determinada
população e que levam a sofrimentos, doenças ou mortes, em outras palavras, que
são patogênicas ou letais, e são executados sem que suas vítimas tenham
consciência desta natureza patológica, isto é, são de natureza inconsciente.





Pierre Weil

Alex Jones: Formação do Governo Mundial ALERTA VERMELHO








+ http://revelatti.blogspot.com/

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Larva - The Hated (2009)



Faixas:
01 El Jardin De Los Desheredados
02 Cockroaches
03 The Man Behind The Sun (Unit 137)
04 Asocial Society
05 Agony Of Mind (Placebo Effect Tribute)
06 Falling Down
07 Cry For Life
08 Innata Iniquidad
09 The Hated (Christianne F. Edit)
10 Deformities
11 De Miserias Y Rencor
12 Massgrave
13 Mind Twilight
14 Red Meat Taste
15 Rotten Disease
16 The Time Is Lost





Rotersand - Random Is Resistance (2009)





Faixas:


01 Yes We Care
02 Bastards Screaming
03 Waiting to Be Born
04 Speak to Me
05 We Will Kill Them All
06 First Time
07 Beneath the Stars
08 If You Don't Stop It...
09 War on Error
10 A Number and a Name
11 Gothic Paradise
12 A Million Worlds to Lose




X Marks The Pedwalk - Cenotaph (2009)

Faixas:
01. Cenotaph
02. Never Dare to Ask
03. Helpless
04. Seclusion
05. Paranoid Illusions (Face Edit)
06. I See You
07. Consciousness
08. Why?
09. The Trap
10. You Are Out
11. Inside
12. Intro (Live)
13. Paranoid Illusions (Live)
14. The Trap (Live)
15. Abattoir (Live)
16. Dependence
17. Helpless (Depressed Mix)





va - Extreme Lustlieder 3 (2009)


Faixas:

01 AGONOIZE „Objectum Sexuality (exklusive LustLieder version)“
02 SCHALLFAKTOR „Promiskuitiv“
03 SILIZIUM „Schlampe (beatbitch mix by E.I.D.)“
04 INCUBITE „Muschitanz (exklusiver LustLieder mix)“
05 GORGOT „Versklavt“
06 ZENTRIERT INS ANTLITZ „Kleine Dreckige Geschäftsfrau“
07 TRÜMMERFRAU „NRG 4 Ihren Schwanz“
08 STEINKIND „Larissa (Püppies)“
09 TYSKE LUDDER „Bastard“
10 CENTHRON „Dreckstück"
11 XP8 „Want It (edit as f_k)“
12 MECHANICAL MOTH „Black Queen Style“
13 THE 6PROJECT „Motherfucking Whore"
14 TAMTRUM „Assrider“
15 X-RX „Tanz Schlampe“
16 ELECTRIC BREATHING „Fuck My Wound“
17 STAHLNEBEL vs. BLACK SELKET „Ätzend“
18 DOLLS OF PAIN „Cybersex (LEAETHER STRIP remix)“

va - Latinmecánica V.1








Faixas:
01 Avatar - Nada Sin Ti [Perú]
02 Black Hole Nine - Something I Want To Show You [Venezuela]
03 Cadaver P.R.A.N.K. - Synthimia [Ecuador]
04 Crepuscular - Interferencia Destructiva [Argentina]
05 Deadjump - Raped Soul (Club Mix) [Brazil]
06 Die Braut - Dividieren Ist Erobern [Chile]
07 Einsend - Tras Un Amanecer (Dance Mix) [Argentina]
08 Gusano - Sueños Imposibles [Bolivia]
09 Heroína - Devorador [Argentina]
10 Lastrax - Underlights [Argentina]
11 LA-X - Secuestro (Edit Version) [México]
12 Machine Revenge - Corrosion [Brazil]
13 Say Just Words - Victimas [Chile]
14 Sintetico Ministerio - Never Leave [Brazil]
15 Sonic 3GR - Bouncy Hunter [Colombia]
16 Stacy 16 - The Ninth Gate [México]
17 Starla 4400 - High Divinorum [México]
18 Vision Anomaly - Contaminación Global [Argentina]
19 Xerenade - Generación [Bolivia]

Heimatærde - Dark Dance (2009)



Faixas:
01. Taenzer Der Nacht
02. Dark Dance (Medievalfloor)
03. Veni Veni Emmanuel
04. Dark Dance (Mainfloor)
05. Herr Mannelig
06. Dark Dance (Maschinenfloor)
07. Heimataerde (Live at DDT 2008)


quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

:wumpscut: - Fuckit (2009)


Faixas:
1. Schlechter Mensch 0:42
2. The Boo 4:14
3. Fuckit 3:16
4. Cut To See How Much I Bleed 3:30
5. Achtung, Menschen 3:25
6. Autophagy Day 3:40
7. Pooch 4:50
8. Leichenteilchen 3:30
9. Broken 5:43
10. Bloodbathing Tub 4:08
11. Rumpelkammer 3:51
12. Gulag


Part 1: DOWNLOAD
Part 2: DOWNLOAD



Skinny Puppy - Live in Toronto (In Solvent Tour 2009)


Toronto November 13, 2009
Recorded by Bobcat



Theatre Of Tragedy - Musique (Remastered) (2009)


Faixas:
1.Machine
2.City of Light
3.Fragment
4.Musique
5.Commute
6.Radio
7.Image
8.Crash/Concrete
9.Retrospect
10.Reverie
11.Space Age
12.The New Man (bonus track)
13. Quirk (Versão original de "Image")
14. Radio (Bonus Track - Remix)
15. Reverie (Bonus Track - Remix)



Suicide Commando - Reconstruction (2CDs) (1999)


Faixas:
CD1
01 Acid Bath
02 Better Off Dead
03 Putrefaction Process
04 Desire
05 Somnambulist
06 Come To Me (v2.0)
07 The Mirror (Re-Mastered)
08 Pesticide
09 Massacre
10 Ignorance
11 Euthanasia
CD2
01 Decoder (Instrumental Version)
02 Better Off Dead (Remix by Dive)
03 Desire (SC DNA SWAB - RMX by Wumpscut)
04 Violator
05 Massacre (Exterminate - RMX by Plastic Noise Experience)
06 Better Off Dead (RMX by Pierrepoint)



Celldweller - Celldweller (2003)


Faixas:
1. "Cell #1" – 0:29
2. Switchback – 5:02
3. "Stay With Me (Unlikely)" – 3:41
4. "The Last Firstborn" – 7:41
5. "Under My Feet" – 3:30
6. "I Believe You" – 3:26
7. "Frozen" – 7:00
8. "Symbiont" – 5:27
9. "Afraid This Time" – 4:59
10. "Fadeaway" – 4:47
11. "Cell #2" – 0:21
12. "So Sorry to Say" – 5:33
13. "Own Little World" – 3:33
14. "Unlikely (Stay With Me)" – 2:59
15. "One Good Reason" – 3:53
16. "The Stars of Orion" – 2:56
17. "Cell #3" – 0:32
18. "Welcome to the End" – 4:00


Tricky with Dj Muggs and Grease - Juxtapose (1999)


Faixas:
01. For Real - (03-30)
02. Bom Bom Diggy - (04-05)
03. Contradictive - (03-04)
04. She Said - (03-30)
05. I Like The Girls - (02-57)
06. Hot Like A Sauna - (04-19)
07. Call Me - (03-36)
08. Wash My Soul - (03-51)
09. Hot Like A Sauna (metal mix) - (03-35)
10. Scrappy Love - (03-13)


va -Muscle And Hate - A Tribute To Nitzer Ebb (2005)

Faixas:
1 - Control, I'm Here (5:23)
2 - Let Your Body Learn (6:38)
3 - Violent Playground (4:43)
4 - Fun To Be Had (4:52)
5 - Join The Chant (5:11)
6 - Murderous (7:51)
7 - Control, I'm Here (Arghmented Remix By Moonitor) (6:53)Remix
8 - Let Your Body Learn (XP8ed Remix) (4:18)Remix
9 - Join The Chant (Bullets And Matches Remix By DJ Lee) (4:20)Remix
10 - Fun To Be Had (Delobbo Version) (8:22)Remix



terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Die Krupps - Too Much History (2008)


Faixas:
Disk 1 - The Electro Years
01. Machineries of Joy
02. Für einen Augenblick
03. Volle Kraft voraus -- Goldfinger
04. Gladiators
05. Der Amboss
06. Germaniac
07. Hi Tech Low Life
08. Alive
09. 5 Millionen
10. The Great Divide
Disk 2 - The Metal Years
01. Metal Machine Music
02. The Dawning of Doom
03. Crossfire
04. Fatherland
05. Bloodsuckers
06. To the Hilt
07. Isolation
08. Scent
09. Odyssey of the Mind
10. Black Beauty White Heat
11. Ich bin ein Ausländer
12. The Great Divide
Passwort: nein/no






SPK - Exhumation: Greatest Hits





Test Dept - Ecstacy Under Duress (1994)


Faixas:

1. Hunger
2. Compulsion
3. In Uniform
4. Slow Hunger
5. Spring Into Action
6. Gdansk
7. Shockwork
8. Efficiency
9. On Pain
10. Beating Retreat
11. Untitled




terça-feira, 1 de dezembro de 2009

UMA ENTREVISTA COM USUÁRIOS DA TÁTICA BLACK BLOCK




Identificam-se como Thomas, Andreas e Ralph, e foram usuários da estratégia Black Block, que lutou contra a polícia e o Estado em Gênova, os quais garantem que Carlo Giuliani também era adepto desta tática. Por motivos de segurança, não deixam que tirem fotografias suas, porque advertem que a repressão está generalizada. Os três usuários do Black Block explicam os objetivos dos métodos que utilizam, e valorizam as experiências de Gênova.

P: De onde surgiu o nome Black Block? Podemos falar de uma organização ou é um movimento autônomo?
BB: É verdade que o Block se originou de uma experiência ocorrida na Alemanha, nos anos 80, quando uma boa parte da esquerda radical autônoma alemã se vestia desta forma... de preto, e levavam capuzes e máscaras pretas para os enfrentamentos com a polícia. Era o desejo de participar de uma cultura política, ou talvez uma subcultura. Nunca existiu o Black Block como organização. Ali convergiram pessoas de diversos países que se uniram com a idéia de atacar a Zona Vermelha como repúdio à globalização do capitalismo e ao próprio capitalismo.

P: O verdadeiro debate está sendo transferido para o âmbito da violência/não-violência. Ele está sendo desvirtuado?
BB: É importante ver que é uma maneira de dividir a luta: alguns grupos antiglobalização partem da premissa que houve infiltração policial, e não querem admitir que existe gente disposta a este tipo de luta contra a globalização. É provável que o fundamento deste debate seja que nós queremos DESTRUIR o sistema capitalista por completo, e muitos dos grupos que fazem estas críticas não queiram mais do que reformas. É certo que há uma polêmica sobre a discussão em tomo da ação direta "roubar a cena" dos debates sobre globalização, mas em Gênova houve um contracongresso e a mídia não mencionou nada sobre isso, tal e qual fazem habitualmente. Só através da ação direta podemos romper com o bloqueio da mídia. Fica claro para nós que a questão principal é lutar para convencer as consciências, para criar várias consciências anticapitalistas. Portanto, qual é o resultado da ação direta? As classes dominantes já não sabem nem onde fazer a sua próxima cúpula, e vão ter que ir até as Montanhas Rochosas do Canadá. A classe dominante tem que se esconder da população e está sendo, por fim, "dominada". No fim das contas, tem que se esconder num lugar isolado do mundo porque sempre haverá manifestações.



EXPLICAÇÃO DA MOTIVAÇÃO
DO BLOCO NEGRO / ANARQUISTA



(...)
Primeiramente, sou um anarquista, e este texto foi escrito porque boa parte do posicionamento anarquista sobre táticas de enfrentamento de rua precisa ser explicada, principalmente após o assassinato do bravo combatente de rua Carlo Giuliani.
Ninguém deveria nutrir a expectativa de que uma transformação radical é um processo fácil e cômodo. Muitas pessoas estão furiosas, e perplexas diante dos acontecimentos em Gênova. Este artigo tem a intenção de ajudar a transformar parte dessa raiva e perplexidade em algo construtivo.
Uma vez que o movimento anarquista é um movimento antiautoritário constituído por livres pensadores, eu, é claro, somente falo por mim mesmo, mas acredito que muitos pensam a mesma coisa.

GÊNOVA

Não se trata simplesmente de uma defesa dogmática do Black Block de Gênova. O Black Block cometeu erros, estou certo disso, e existem controvérsias sobre como o Black Block pode eliminar seus problemas, porém ainda acredito no Black Block e na sua tática por muitos e bons motivos, que são:

(...)
3. Acredito que exibir pessoas revidando os ataques das forças de segurança não é sempre negativo ou leve as pessoas a se afastarem. Ao contrário da leve abordagem não-confrontacional de muitos outros ativistas, creio que a única maneira de manter a credibilidade é ser tão confrontacional quanto for apropriado em relação ao nosso opo-nente (nesse caso os líderes do G-8).
A confrontação efetiva, não a simbólica, é o que REALMENTE demonstra que estamos falando sério, e atrai mais pessoas ao movimento (diferentemente de contra-encontros, manifestos, passeatas etc., embora tudo isso também desempenhe um papel muito importante).

4. Acho que esse movimento foi assim tão longe por causa da sua diversidade. Os grupos aos quais apontei discordâncias com relação a certos aspectos, ainda os considero bem-vindos ao movimento, ainda quero cooperar e chegar a um entendimento para não interferir nas suas atividades (uma demonstração de respeito que muitos anarquistas não recebem de volta).
(...)

CONFRONTAÇÃO

O debate sobre o uso da força ou da não-violência deveria ser realmente descartado. No seu lugar seria muito mais útil debater qual seria a melhor tática confrontacional em determinada situação. Não é nem o enfrentamento de rua nem a não-violência que atrai as pessoas para o movimento, e sim o nível de confrontação.
Pegue Seattle como exemplo ilustrativo. Lá ocorreram principalmente ações não-violentas, e a maior parte das ações nãoviolentas foram centrais para o sucesso do bloqueio. A efetividade do bloqueio por sua vez demonstrou a confrontação aos nossos opressores que precisávamos para darmos o pontapé inicial do movimento. Após Seattle as pessoas foram atraídas para o movimento devido à efetiva obstrução da OMC, e não porque manifestantes pacíficos foram espancados, como alguns gostam de achar.
Quando se olha todos os eventos antiglobalização pode-se observar que todos eles têm em comum uma fórmula simples: eles são bem-sucedidos porque não são uma simples manifestação, mas sim uma confrontação ativa.
Agora observe como as táticas se desdobraram, de Seattle a Praga, de Melbourne a Quebec. Em todas essas manifestações a não-violência e o enfrentamento de rua foram efetivos no fomento de uma estimulante confrontação.
Porém, cada vez mais, o papel dos ativistas comprometidos com a não-violência em alcançar uma confrontação com aqueles que nos opomos tem diminuído, em favor do modelo de "protesto carnaval" que é, em uma escala de confrontação, na melhor das hipóteses apenas uma resistência simbólica.
São os anarquistas e o Black Block em particular, e cada vez mais grupos como o Ya Basta, que têm feito as táticas se manterem vigorosas e relevantes, por planejarem um modo de desafiar as cidades cercadas que agora são usadas pelos que estão no poder para proteger seus encontros.

MAS A VIOLÊNCIA É UM PROBLEMA

Não descarto os comentários feitos por pessoas que discordam do uso da violência. Na verdade eu encorajaria um diálogo entre as diferentes tendências um diálogo que, quem sabe, levaria à concepção de táticas melhores.
Um exemplo da interação de táticas de que necessitamos entre essas tendências seria a estratégia de separar as diferentes tendências (enfrentamento de rua/não-violência) em setores próprios, de modo' que as pessoas pudessem escolher como querem se envolver. Reconhecidamente esta estratégia às vezes falha, já que ela não leva em conta o fato de que a polícia nem sempre respeita a diferença, mas esse é o tipo de coisa sobre a qual devemos refletir e aperfeiçoar.

PARE A VIOLÊNCIA SENDO EFICAZ

A questão mais importante que precisa ser levada em conta diz respeito aos próprios ativistas comprometidos com a não-violência. Desde Seattle eles não têm conseguido, a maioria das vezes, criar novas táticas de ação direta não-violenta que mantivessem a confrontação entre nós e nossos opressores e adaptá-las ao modo de organização dos encontros.
Esses ativistas comprometidos com a ação direta não-violenta precisam imediatamente abandonar o modelo de bloqueio, e descartar a fórmula festa de rua/passeata como sua única reação, na medida que ambos são inefetivos para impedir esses encontros.
Em Gênova, os que estavam preparados para o enfrentamento de rua receberiam muito bem táticas não-violentas praticáveis para se entrar na zona vermelha e impedir a reunião do G-8.
Em retribuição às táticas não-violentas novas e efetivas, creio que o Black Block se absteria de usar a força enquanto essas táticas ainda funcionassem. Mas, como todos sabem, os que estão comprometidos com a ação direta não-violenta não aparecem com esses planos, eles se contentam com uma resistência simbólica, algo que sempre será intolerável para os que demandam uma transformação radical.

O QUE GANDHI TERIA FEITO?

Pense no que Gandhi teria feito. Teria ele sentado do lado de fora do portão de uma conferência, ou marchado em torno do centro de conferência, sabendo que isso não impediria nada, ou teria ele (talvez) escalado a cerca, ou feito outra coisa qualquer (isto é, encorajar uma greve geral)?
Eu pessoalmente, e muitos outros, não agüentamos assistir às pessoas serem passivamente espancadas, e nos defenderemos se atacados, mas respeitaremos os outros com suas próprias táticas. Se os teóricos da ação direta não-violenta aparecessem com alguma coisa eficaz, então eles receberiam o nosso apoio.

“A NÃO VIOLÊNCIA NOS ENSINA...”

Um dos problemas de fóruns como o Indymedia é a interminável retórica ostentada como argumento que aparece neles, tais como "violência gera violência" etc. etc. Essas pessoas precisam ser menos elitistas, descer do seu pedestal e perceber que as pessoas que lutam nas ruas refletiram sobre todas essas questões também, e simplesmente discordam.
Portanto, se queremos uma mudança de tática, se queremos acabar com o enfrentamento de rua, será preciso aparecermos com uma alternativa que continue a ser confrontacional. Uma das piores coisas do movimento, atualmente, é o modo como as pessoas se contentam em culpar os outros pelos erros no dia, esquivando-se assim da sua própria responsabilidade de se adaptar às diversas situações.

UM APELO

Por fim, eu gostaria de fazer um apelo àqueles que se engajam em enfrentamentos de rua e igualmente àqueles que acreditam na ação não-violenta:

1. Devemos permanecer unidos. Separados somos a insípida força isolada que o Estado e o capital têm manipulado continuamente durante a maior parte dos últimos cinqüenta anos. Cada facção precisa evitar ativamente uma cisão, influenciando os integrantes dentro de cada uma a não criarem uma divisão com base em interpretações dogmáticas de uma ideologia.

2. Nós, que agimos com uso da força e não-violentamente, precisamos trabalhar juntos para pensarmos como iremos confrontar nossos opressores durante o planejamento da nossa opressão, com o objetivo de impedir/paralisar não-violentamente, idealmente e primeiramente, mas com o uso da força se necessário.

3. Precisamos alargar nossas ações, em quantidade de participantes e em estratégia, incluindo ações que não sejam antiencontros. A transformação radical muito dificilmente virá apenas paralisando essas reuniões (mas é um bom começo).

Podemos ganhar, estamos ganhando... solidariedade! (...)

James Anon
26/07/2001



SEMANA INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS


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E COMPAREÇA.

DENÚNCIA ...

O Ministério Público Federal em São Paulo (MPF-SP) ofereceu hoje denúncia à Justiça Federal contra o ex-governador de São Paulo, deputado federal Paulo Maluf (PP-SP), e o senador Romeu Tuma (PTB-SP) por ocultação de cadáveres durante o período da ditadura militar no Brasil (1964-1985). Além dos dois parlamentares, foram denunciados em duas ações civis públicas o ex-prefeito da capital paulista Miguel Colasuonno, o médico legista e ex-chefe do necrotério do Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo Harry Shibata, e o ex-diretor do Serviço Funerário Municipal Fábio Pereira Bueno.

O MPF-SP requer na Justiça que os cinco percam suas funções públicas e o direito à aposentadoria, bem como sejam condenados a reparar danos morais coletivos, mediante indenização de, no mínimo, 10% do patrimônio pessoal de cada um. Por se tratar de ações civis públicas, a iniciativa não ameaça os mandatos de Tuma e Maluf, protegidos pela Constituição Federal. A procuradora responsável pelo caso, Eugênia Augusta Gonzaga Fávero, propôs que as indenizações sejam revertidas em medidas que preservem a memória das vítimas da ditadura.

Nas ações entregues à Justiça, o MPF-SP afirma que desaparecidos políticos foram sepultados nos cemitérios de Perus e Vila Formosa, na capital paulista, de forma "ilegal" e "clandestina", com a participação do IML e da Prefeitura de São Paulo. Segundo a procuradora, ambos contribuíram para que as ossadas permanecessem sem identificação em valas comuns dos cemitérios e atestaram falsos motivos de morte a vítimas de tortura.

De acordo com a denúncia, o legista Harry Shibata teria ocultado os reais motivos dos óbitos de inúmeros militantes políticos, como, por exemplo, do jornalista Vladimir Herzog.
O MPF-SP aponta que Paulo Maluf, quando era prefeito, ordenou a construção do cemitério de Perus. De acordo com as ações, algumas valas do recinto tinham quadras marcadas específicas para receber a ossada de "terroristas". Os documentos entregues à Justiça apontam ainda que o projeto original do cemitério previa um crematório, mas a Prefeitura desistiu após a empresa contratada ter estranhado o plano, que não previa um hall para orações. De acordo com o MPF-SP, o governo municipal chegou a fazer sugestões buscando mudar a legislação para dispensar a autorização da família para realizar procedimento, o que possibilitaria que indigentes fossem cremados.

As denúncias salientam ainda a participação nas operações de agentes do Departamento Estadual de Ordem Política e Social, o Deops, órgão estadual de repressão que teve como chefe o atual senador Romeu Tuma. Segundo o MPF-SP, há documentos que comprovam a ocorrência de interrogatórios "sob tortura" na instituição e que demonstram que Tuma tinha conhecimento das várias mortes ocorridas sob a tutela de policiais do Deops, mas não as comunicou aos familiares dos mortos.

As ações civis públicas oferecidas hoje pelo MPF não são as primeiras que procuram responsabilizar o Estado pela ocultação da ossada de perseguidos políticos. No Distrito Federal tramita ação, com atuação do MPF-DF e do MPF-PA, para identificar guerrilheiros e moradores da região do Araguaia, mortos na ofensiva do governo para exterminar a guerrilha na década de 1970. No Rio Grande do Sul, o MPF pediu a abertura de inquérito para que sejam apuradas as reais circunstâncias da morte do presidente João Goulart, na Argentina, em 1976.

"Depois de 39 anos, abordar de forma leviana um assunto dessa natureza é no mínimo uma acusação ridícula", disse Maluf, em nota. A reportagem procurou Tuma, mas o senador estava em voo. Segundo sua assessoria, Tuma ainda não recebeu informações sobre a denúncia.
_______
"Como bem define Marilena Chauí (1994a, p. 340), o termo ética advém do sentido grego de ethos: “caráter, índole natural, temperamento”. A ação ética ancora-se, pois, na intencionalidade da ação, na relação da consciência para consigo mesma, na integridade do ser humano frente a seus semelhantes. O sujeito moral é, por definição, aquele capaz de distinguir entre o bem e o mal; e, portanto, capaz de se desviar do caminho prescrito, capaz de decidir, de escolher, de deliberar – pelo reconhecimento da fronteira entre o justo e o injusto. A confluência entre o tema da ética e a matéria educativa se coloca justamente nessa intersecção entre a autonomia da vontade e a possível formação pedagógica que a habilita."1

1 BOTO, Carlota. Ética e educação clássica: virtude e felicidade no justo meio. Educ. Soc. [online]. 2001, vol. 22, no. 76, p. 121-146. ISSN 0101-7330.

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Forum Metropolitano de EJA de BH


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A GREVE GERAL


Umanità Nova, n.º 132
7 de junho de 1922

A “greve geral” é, sem nenhuma dúvida, uma arma poderosa nas mãos do proletariado; ela é ou pode ser um modo e a ocasião de desencadear uma revolução social radical.
Entretanto, eu me pergunto se a idéia da greve geral não fez mais mal do que bem à causa da revolução!
Na realidade, creio que no passado o mal levou a melhor sobre o bem, e hoje poderia ser o contrário, ou seja, a greve geral poderia ser um meio eficaz de transformação social, mas sob a condição de compreendê-la e de utilizá-la de uma forma diferente daquela praticada pelos seus antigos partidários.
Nos primeiros momentos do movimento socialista, e em particular na Itália, durante a 1.ª Internacional, quando a lembrança das lutas dos mazzinianos ainda estava bem recente e uma grande parte dos homens que haviam combatido pela “Itália” nas fileiras do exército de Garibaldi ainda vivia, desiludida e indignada pelo massacre que os monarquistas e os capitalistas perpetravam contra a “pátria”, estava perfeitamente claro que o regime defendido pelas baionetas só podia ser derrubado se se convencesse uma parte dos soldados a defender o povo e a derrotar, pela luta armada, as forças da polícia e os soldados que tivessem permanecido fiéis à disciplina.
É por esta razão que se conspirava, quer dizer, que se fazia uma propaganda ativa entre os soldados, procurava armar-se, preparavam-se planos de ação militar.
A bem da verdade, os resultados eram pequenos porque éramos pouco numerosos, porque os objetivos sociais pelos quais se queria fazer a revolução eram desconhecidos e rejeitados pelo conjunto da população; porque, em suma, “os tempos não estavam maduros”.
Mas a vontade de preparar a insurreição existia e ela encontrava pouco a pouco o meio de realizá-la; a propaganda começava a tocar mais pessoas e a dar seus frutos; “os tempos amadureciam”, o que em parte era devido à ação direta dos revolucionários e ainda mais à evolução econômica que, aguçando o conflito entre os trabalhadores e os patrões, desenvolvia a consciência deste conflito, do qual os revolucionários tiravam partido.
As esperanças colocadas na revolução social aumentavam, e parecia certo que através das lutas, das perseguições, das tentativas mais ou menos “inconsideradas” e infelizes, as paradas e as retomadas de atividade febril, chegar-se-ia, em um tempo bastante breve, a desencadear a explosão final e vitoriosa que deveria abater o regime político e econômico em vigor e abrir a via a uma evolução mais livre ruma a novas formas de vida em comum, fundada sobre a liberdade de todos, sobre a justiça para todos, sobre a fraternidade e a solidariedade para todos.

* * *

Mas o marxismo veio frear através de seus dogmas e de seu fatalismo o ímpeto voluntarista da juventude socialista (na época os anarquistas também se chamavam socialistas).
E infelizmente, com suas aparências científicas (estava-se em plena embriaguez cientificista), o marxismo ludibriou, atraiu e desviou a maioria dos anarquistas.
Os marxistas puseram-se a dizer que “a revolução não se faz, ela surge”; diziam que o socialismo viria necessariamente seguindo “o curso natural e fatal das coisas” e que o fator político (a força, a violência posta ao serviço dos interesses econômicos) não tinha nenhuma importância, e o fator econômico determinava a vida social por completo. E, assim, a preparação da insurreição foi deixada de lado e praticamente abandonada.
Eu gostaria de observar que se os marxistas desprezavam toda luta política quando se tratava de uma luta que tendia à insurreição, eles decidiram repentinamente que a política era o principal meio, e quase o único, para fazer triunfar o socialismo, tão logo eles entreviram a possibilidade de entrar para o Parlamento e dar à luta política o sentido restritivo de luta eleitoral. E se aplicaram, assim, a apagar nas massas todo entusiasmo pela ação insurrecional.
Foi então que, diante deste estado de coisas e deste estado de espírito geral que a idéia da greve geral foi lançada e acolhida com entusiasmo por aqueles que não tinham confiança na ação parlamentar e que viam na greve geral uma via nova e promissora que se abria à ação popular.
Todavia, por infelicidade, a maioria não via na greve geral um meio para levar as massas à insurreição, isto é, a abater o poder político pela violência e a tomar posse da terra, dos meios de produção de toda a riqueza social. Para eles, a greve geral substituía a insurreição; viam nela um meio para “tornar faminta a burguesia” e faze-la capitular sem combater.
E como é fatal que o cômico e o grotesco estejam sempre juntos, até mesmo nas coisas mais sérias, houve quem empreendesse a busca de ervas e de “pílulas” capazes de sustentar indefinidamente o corpo humano sem que seja necessário alimentar-se; e isso, a fim de assinalá-las aos trabalhadores e coloca-los em condições de esperar, em um jejum pacífico, que os burgueses viessem apresentar suas desculpas e pedir perdão.
Eis porque eu estimo que a idéia da greve geral fez mal à revolução.
Mas espero e acredito que esta ilusão – fazer capitular a burguesia, tornando-a faminta – desapareceu completamente; e se ela permaneceu, os fascistas se encarregaram de dissipá-la.
A greve geral de protesto, para apoiar reivindicações de ordem econômica e política compatíveis com o regime, pode ser útil se é feita em momento propício, quando o governo e os patrões acham oportuno ceder de uma só vez, por medo do pior. Mas não se deve esquecer que é preciso comer todos os dias e que, se a resistência se prolonga, ainda que por poucos dias, é preciso curvar-se ignominiosamente sob o jugo dos patrões, ou então se insurgir... Mesmo que o governo ou as forças especiais da burguesia não tomem a iniciativa da violência.
Conclui-se daí que se faz uma greve geral, seja para resolver definitivamente o problema, ou com objetivos transitórios, deve-se estar decidido e preparado a resolver a questão pela força.

Retirado do livro : Escritos Revolucionários de Errico Malatesta