Numa sociedade cuja constituição não force o indivíduo ao crime, à luta, mas lhe dê interesse em ser bom, a bondade será coisa natu-ral. Livre das peias econômicas e legais, a mulher não se venderá, não será escrava do homem. Livres da escravidão do salariato e do trabalho brutal, os homens poderão instruir-se e a ciência e a arte serão realmente para todos; as mentes serão sãs em corpos sãos. Não será totalmente suprimida a dor, nem abolido o esforço, o que seria absurdo; mas a felicidade provém dum equilíbrio normal entre o esforço produtivo e a possibilidade de consumir, do exercício natural das nossas faculdades. Utopia! dizem os que esquecem ser a utopia de hoje a realidade de amanhã. Ao escravo sucedeu o servo, ao servo o salariado e basta que os homens queiram — as condições são já favoráveis, o terreno está preparado — para que ao salariado, ao prisioneiro de uma terra monopolizada, suceda, não o funcionário, combinação do salariado com o servo, mas o indivíduo autônomo e solidário, o homem livre sobre a Terra livre! (1)
É utopia a Anarquia? Tudo o que é humano é utópico .antes de tornar-se realidade; e tudo o que depende da vontade humana é realizável. O que importa é ter um caminho orientado. E, quando esse caminho passa entre pessoas que trabalham comem, amam e pensam, passa entre suas casas e suas indústria e entre tudo aquilo que sua espontânea fraternidade criou nos séculos, recolhendo e depurando tradições, coordenando esforços, derrubando as barreiras que aprisionam a vida e impõem a uniformidade, reconhecemos nele o caminho da História real, da qual só centelhas fugazes chegam aos textos pedagógicos; não é o caminho da utopia. Utopia é querer fabricar uma sociedade desde o topo do governo, utilizando os homens como matéria-prima, à força de leis aplicadas pela vidência. (2) (...)
(1)"A Plebe", S. Paulo
(1) LUCE FABBRI
É utopia a Anarquia? Tudo o que é humano é utópico .antes de tornar-se realidade; e tudo o que depende da vontade humana é realizável. O que importa é ter um caminho orientado. E, quando esse caminho passa entre pessoas que trabalham comem, amam e pensam, passa entre suas casas e suas indústria e entre tudo aquilo que sua espontânea fraternidade criou nos séculos, recolhendo e depurando tradições, coordenando esforços, derrubando as barreiras que aprisionam a vida e impõem a uniformidade, reconhecemos nele o caminho da História real, da qual só centelhas fugazes chegam aos textos pedagógicos; não é o caminho da utopia. Utopia é querer fabricar uma sociedade desde o topo do governo, utilizando os homens como matéria-prima, à força de leis aplicadas pela vidência. (2) (...)
(1)"A Plebe", S. Paulo
(1) LUCE FABBRI
Nenhum comentário:
Postar um comentário