quinta-feira, 24 de setembro de 2009

A CIÊNCIA E A QUESTÃO VITAL DA REVOLUÇÃO


Mikhail Bakunin * R$ 18,00 * 96 páginas * Imaginário / Faísca

No presente ensaio, de 1870, Bakunin dirige-se à juventude russa na tentativa de colaborar para a organização revolucionária na Rússia czarista, denunciando os “socialistas retóricos”, segundo sua própria denominação. O próprio Bakunin explica o contexto em que se insere seu artigo:

“Após os decembristas, o liberalismo heróico da nobreza instruída degenerou em liberalismo livresco, em doutrinarismo mais ou menos douto. Desde logo, sua impotência, evidentemente, só cresceu: o verbo tornou-se ato de coragem; o espírito discursista, inteligência; a palavra vazia, eloqüência; e as leituras, ação. A causa real foi esquecida; bem mais, puseram-se a desprezá-la; e do alto de uma satisfação metafísica de si, consideraram todas as idéias revolucionárias, todas as tentativas corajosas de protestação pública como fanfarronadas pueris. Falo com conhecimento de causa, pois, nos anos 30, entusiamado pelo hegelianismo, eu próprio incorri nesse erro.”

E, desta maneira, diferencia sua proposta de socialismo revolucionário de um certo “revolucionarismo verbal”, que se caracterizaria muito mais pela eloqüência e a violência do discurso, do que pelas ações de fato levadas a cabo na prática. Refletindo sobre a ciência e o pensamento, Bakunin insiste na coerência entre teoria e prática, pregando um socialismo classista que exige, necessariamente, uma postura ética diante da realidade a ser transformada. Enfatiza Bakunin neste seu texto:

“Nem a ciência nem o pensamento têm existência à parte, no abstrato; eles só encontram sua expressão no indivíduo; todo homem ativo é um ser indivisível que não pode simultaneamente buscar uma verdade rigorosa em teoria e morder os frutos da mentira na prática. Em todo socialista, inclusive o mais sincero, que pertence — não por seu nascimento (o que ainda não significaria nada, pois quantas mudanças podem produzir-se nele depois de seu nascimento!), mas por sua condição real — a alguma classe de privilegiados que seja, isto é, às classes exploradoras, descobrireis infalivelmente essa contradição entre o pensamento e a vida; essa contradição decerto o paralisará, o reduzirá mais ou menos à impotência, e ele não poderá tornar-se um socialista verdadeiramente sincero e ativo senão rompendo resolutamente todos os seus laços com o mundo dos privilegiados e dos exploradores, e renunciando a todas as vantagens que esse mundo confere.”

O livro conta ainda com um ótimo prefácio de Alexandre Samis.

Faísca Publicações Libertárias

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