terça-feira, 22 de setembro de 2009

poesia palestina de combate





Sento-me para escrever...
Mas, o que é que posso escrever?
De que vale dizer
“pátris minha”... “minha gente”... “meu povo”...
Será que posso proteger minha gente com palavras?
Será que com palavras salvarei meu povo?
Por acaso não e absolutamente ridículo, sentar-me,
Hoje, para escrever?


Fadwa Tuqan
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PARTIDA

Neste momento de partida
assinale suas setas vermelhas
desarme o farol e escancare
o portão do exílio.
Cerre a face aberta do céu , e vá embora .
Anseio profundamente que as praias envolvam seus mares
e cavalos saltem com precipitação!
Agora vou carregar os caminhos e as palmeiras em minha mala,
vou trancar minhas lágrimas nos cadernos do entardecer
e selar as estações


Vamos começar nossa canção: aqui esta Beirute usando você
como se fossem suas próprias roupas
Você precisa sentar-se bem na superfície da gloria dela
Abandonando as lagrimas
Na sua vidade melancólica
Ela contem você como eternidade
Como o senso de começo que com certeza vem
- como pode estar morto,
Ainda tão absolutamente presente?

Deixe que os rios abandonem seus céus,
e os mares virem desertos!
Tudo no universo tem um fim
Menos meu sangue...


Cad vez que penso nisso
você permanece grande como sua morte.
A guerra planeja escolher você, descobrir você,
plantar sua negritude em você.
Vindo dessas ultimas visões nubladas,
como e que você começa a historia da colheita?
nos planejamosselecionar você,
no inicio de seu sono,
no final de seu sono.
Quantas vezes com seu ódio o céu explodiu sobre você?
Quantas vezes você foi deixado de lado?
Agora você junta todas as cicratizes,
refugiando-se na morte,
usando os sonhos como asas.




May Sayigh
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Carteira de Identidade

Registra-me
sou árabe
o número de minha identidade é cinqüenta mil
tenho oito filhos
e o nono... virá logo depois do verão
vais te irritar por acaso?

registra-me
sou árabe
trabalho com meus companheiros de luta
em uma pedreira
tenho oito filhos
arranco das pedras
o pão, as roupas, os cadernos
e não venho mendigar em sua porta
e não me dobro
diante das lajes de teu umbral
vais te irritar por acaso?

registra-me
sou árabe
meu nome é muito comum
e sou paciente
em um país que ferve de cólera
minhas raízes...
fixadas antes do nascimento dos tempos
antes da eclosão dos séculos
antes dos ciprestes e oliveiras
antes do crescimento vegetal
meu pai... da família do arado
e não dos senhores do Nujub
meu avô era camponês
sem árvore genealógica
minha casa
uma cabana de guarda
de canas e ramagens
satisfeito com minha condição
meu nome é muito comum

registra-me
sou árabe
sou árabe
cabelos... negros
olhos... castanhos
sinais particulares
um kuffiah e uma faixa na cabeça
as palmas ásperas como rochas
arranharam as mãos que estreitam
e amo acima de tudo
o azeite de oliva e o tomilho
meu endereço
sou de um povoado perdido...
esquecido
de ruas sem nome
e todos os seus homens...
no campo e na pedreira
amam o comunismo
vais te irritar por acaso?
registra-me
sou árabe
tu me despojaste dos vinhedos de meus antepassados
e da terra que cultivava
com meus filhos
e não nos deixaste
nem a nossos descendentes
mais que estes seixos
que nosso governo tomará também
como se diz
vamos!
Escreve
bem no alto da primeira página
que eu não odeio os homens
que eu não agrido ninguém
mas... se me esfomeiam
como a carne de quem me despoja
e cuidado... cuida-te
de minha fome
e minha fúria
Mahmud Darwich

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