segunda-feira, 29 de junho de 2009

Kylesa - Static Tensions (2009)



Os tempos mais agressivos e crus dos Kylesa já lá vão. Trocaram-se vozes rasgadas por outras mais melódicas e simpáticas, e a rebeldia própria da juventude, ainda que presente, deixou espaço para um estado de espírito mais circunspecto e maduro. Ok, para muitos, isto é condição suficiente para perderem a vontade de os ouvir. Fazem mal.Os Kylesa são uma banda suis generis logo à partida. Dois vocalistas, um de cada sexo, e dois bateristas, são sempre pontos que suscitam alguma curiosidade em quem os vai ouvir pela primeira vez, por mais não seja para saber como tudo encaixa. As peculiaridades estendem-se à sua personalidade musical bem vincada e própria.O Sludge, que sempre serviu de base sonora para estes norte-americanos, surge neste “Static Tensions” mais refinado e com um outro encanto, mais rockeiro e psicadélico. O primeiro tema, “Scapegoat” é um pouco o espelho do que virá a ser o resto do álbum. O som sujo e hostil das guitarras é contraposto com refrões que chegam a roçar o catchy. Nos interlúdios, ritmos tribais afeiçoados por duas baterias, e momentos mais atmosféricos juntam-se à festa. “Said and Done” é um daqueles temas monstros que nos agarram pelo colarinho ao primeiro riff e nos arrastam pelo chão ao longo de quatro minutos. Muito bem construída está a “Nature’s Predators”, que vagueia entre passagens bem sludgy e outras mais progressivas que a espaços fazem lembrar Mastodon. O álbum termina com uma tripla de músicas brilhantes nas quais se pode sentir a aragem abrasadora do rock sulista, também um pouco presente em todo o disco, com destaque natural para a “Only One”.O que é aqui ouvido é tão simples e, ao mesmo tempo, tão apelativo que nos confunde a certa altura, na medida em que pensamos como podem estas duas características juntas estenderem-se pelo tempo. Mais, o álbum mostra-se consistente ao longo do seu todo. Não consigo descortinar tempos mortos ou passagens menos interessantes que pudessem levantar a minha voz de desagrado. Outra das suas virtudes mora no facto de poder agradar a várias tribos musicais, dada a panóplia de influências aqui amontoadas. Façam-vos o favor de ouvir.
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